terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A cura do cego de Jericó

“Aconteceu que, ao aproximar-se ele [Jesus] de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas.
E, ouvindo o tropel da multidão que passava, perguntou o que era aquilo.
Anunciaram-lhe que passava Jesus, o Nazareno.
Então, ele clamou: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
E os que iam na frente o repreendiam para que se calasse; ele, porém, cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!
Então, parou Jesus e mandou que lho trouxessem. E, tendo ele chegado, perguntou-lhe: Que queres que eu te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu torne a ver.
Então Jesus lhe disse: Recupera a tua vista; a tua fé te salvou.
Imediatamente, tornou a ver e seguia-o glorificando a Deus. Também todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.
Lucas 18:35-43

Este texto de Lucas marca muito a minha vida. Em muitos momentos de minha caminhada com Deus, me senti assim: cega; não enxergando quando Jesus passava; repreendida por muitos que estavam na minha frente, quanto a minha maneira de clamar a Deus; e fazendo de tudo para que Jesus, nosso Salvador, escutasse o meu clamor.

Não sei de qual forma você se assemelha ao cego que estava em Jericó. Mas quero compartilhar alguns pontos muito importantes quanto a este texto, pequeno, mas com grandes lições.

“Aconteceu que, ao aproximar-se ele de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas” (verso 35).
É interessante que, não lemos que o cego estava na calçada, ou do outro lado da rua. Mas lemos claramente que ele estava à beira do caminho.
Podemos imaginar então, que um dia ele tentou. Tentou atravessar para o outro lado, tentou continuar, tentou caminhar até chegar onde ele queria, mas sua cegueira o impediu, então sem mais nenhuma alternativa, o cego ficou lá… Sentado à beira do caminho e pedindo esmolas!
Não necessariamente, passamos por algo assim em nosso físico, mas se fossemos parar para lembrar se já estivemos em situações como essa, a maioria responderia que sim.
Podemos lembrar uma parábola de Jesus que diz sobre a palavra de Deus ser semeada em nós quando estamos à beira do caminho:

“A todos que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho” (Mateus 13:19).

Não podemos saber como aquele cego buscava a Deus. Esta comparação de textos não quer dizer que um dia aquele cego ouviu a palavra de Deus e não a compreendeu. O que quero expor é que muitas vezes paramos à beira do caminho. Começamos nossa caminhada com tanta euforia e felicidade, até que um dia não preparamos nossos corações para receber e compreender através do Espírito Santo a Palavra de Deus, e simplesmente a cegueira toma conta de nós, de tal forma que não conseguimos mais caminhar. Não conseguimos mais continuar. A palavra de Deus foi arrebatada de nós, pelo inimigo e não temos mais luz para enxergar o caminho.
”Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Salmos 119:105).

A fome veio, as necessidades começaram a surgir, e sua única saída foi pedir esmolas.
Nós pedimos esmolas (espiritualmente falando), quando Deus tem um banquete maravilhoso nos esperando! Esmolamos quando a Palavra riquíssima de Deus quer nos alimentar, mas preferimos nos alimentar apenas com uma pequena quantidade de tempo de meditação e oração na presença de Deus.
“Deus não fala comigo através da minha Bíblia; consigo ouvi-lo só no culto de domingo.”
”A minha oração não consegue chegar até o trono; Deus só recebe a oração da irmã-fulana-de-tal”.

Irmãos, não quero dizer que as pregações de domingo e as orações de nossos irmãos da igreja são esmolas. O que quero ressaltar aqui, é que tudo isso é apenas uma pequena quantidade daquilo que o Senhor quer nos dar. Ele não nos quer apenas em duas horas de intimidade com Ele no final de semana. Ele quer te levar em Sua própria intimidade. Sentar contigo em Sua mesa e te dar um alimento reforçado de Sua Palavra, comunhão e amor, através de oração, jejum, onde nossa carne morre e nosso espírito é alimentado grandemente!

Cego, padecendo necessidades e mendigando, o cego escuta um barulho muito grande da multidão que passava e pergunta o que era aquilo. Anunciaram-lhe que passava, Jesus.
É interessante que o Senhor sabe como chamar nossa atenção. Se Jesus viesse e a multidão estivesse quieta, tranquila, sem tumulto, o cego não iria saber mesmo que Jesus havia passado por lá. Mas com o estrondo da multidão, muitos querendo também ser curados por Ele, o cego pode ouvir. Ouviu que alguma coisa estava acontecendo; que não era qualquer que estava ali, e sim o Único que podia livrá-lo daquele mal.
Ele ainda estava escutando! O Senhor nunca nos deixa sem meio para ouvi-lo. Se o caso do cego, fosse surdez, Jesus teria dado um jeito de passar por ele, de forma que o cego O visse.
O cego, então não perdeu tempo. Passou a clamar, clamar e clamar o nome de Jesus! Há poder no nome do nosso Salvador, Jesus!

“E os que iam a frente o repreendiam para que se calasse; ele, porém, cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (verso 39).

Muitas vezes somos repreendidos, censurados, por pessoas que estão à frente de nós, digo isso em relação a status. Não importa se você está na igreja com um bom cargo, ou porque já se entregou para Jesus a muitos anos. Jesus não se comove por anos de conversão, ou pelo cargo que ocupamos em nossa igreja. Ele está interessado no primeiro amor! Está interessado em quebrantamento de nossos corações. Ele quer que O adoremos em espírito e em verdade, não importando sua condição. Muitas vezes nos calamos diante da religiosidade, orgulho e desprezo, mas a vontade de Jesus, é que mesmo diante de tantos impedimentos, venhamos clamar à Ele. Não importa se você tem estado cego, enfermo, fraco, desprezado, humilhado, angustiado ou envergonhado. Jesus quer ouvir nosso clamor e ver nossa perseverança.

“Na minha angústia, invoquei o Senhor, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos” (Salmos 18:6).

O clamor daquele cego, penetrou os ouvidos de Jesus! Muitos estavam gritando por Ele. Como então Cristo pode ouvi-lo? Simplesmente, Ele sabe o grau de sinceridade de nossos clamores. Não foi apenas vãs repetições vindo do cego, foram súplicas de um coração quebrantado e contrito, e um coração assim o Senhor não desprezarás.

“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mateus 6:7).

“Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não p desprezarás, ó Deus” (Salmos 51:17).

“Então, parou Jesus e mandou que lho trouxessem. E, tendo ele chegado, perguntou-lhe: Que queres que eu te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu torne a ver” (verso 40-41).

A perseverança atrai a presença de Deus.
A multidão não pode mais tentar calar a voz do cego. Jesus o tinha escutado e o chamou. Aquele dia era o dia do milagre daquele cego, mendigo que estava à beira do caminho. Era dia de cura e salvação! Nada o impediu de ir até Jesus. Aquele seria um momento único e decisivo. Tudo agora estava nas mãos do nosso Senhor. Somente Ele tinha o poder de ajudar aquele cego.
Jesus com certeza sabia o que ele queria pedir. Mas Ele o testa para ver se tornar a ver era definitivamente seu anseio. Muitas coisas podiam estar passando na cabeça do cego. Ele poderia ter pensado em ficar rico, ou mandar Jesus vingar-se da multidão por ele, ou conseguir uma esposa, ou então pedir esmolas. Mas ele, com fé em Cristo Jesus, respondeu sem vacilar: “Senhor, que eu torne a ver.”

Tornar a ver, significa que um dia aquele cego viu. Um dia ele conseguiu distinguir entre a noite e o dia, entre as cores; conseguiu olhar bem no rosto das pessoas e ver que elas eram diferentes; conseguiu andar normalmente sem tropeçar; conseguiu andar e não ficar à beira do caminho. Mas um dia uma escuridão o cegou e ele esteve ali, sem lugar definido. Á beira do caminho, onde muitas pessoas passam e muitas vezes esbarram, apressadas seguem o seu caminho e não percebe que alguém está ali! Alguém que um dia viu, tornou-se mais um cego, sem lugar para ir.

“Então, Jesus lhe disse: Recupera a tua vista; a tua fé te salvou” (verso 42).

Hoje o Senhor diz para aqueles que estão como cegos, à beira do caminho e mendigando espiritualmente: “Recupera a tua vista”!
Não se contente em ficar aí. Clame o nome de Jesus, mesmo que a multidão se levante e diga para não clamar. Mesmo que peçam para você calar, clame o nome dEle! Recupere a tua vista, a fé no Filho de Deus nos salva!

“Imediatamente, tornou a ver e seguia-o glorificando a Deus. Também todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus” (verso 43).

E assim, o cego pode continuar o seu caminho, mas agora de forma especial: ele via Jesus e o seguia!
Não vamos chegar a lugar algum, se não tivermos uma convicção forte de quem estamos seguindo. Temos que todos os dias nos lembrar de que o Senhor nos chama para segui-Lo com nossa cruz. Se nosso propósito é ter apenas um ministério gigantesco, sermos mulheres e homens conhecidos por este mundo, ou então buscarmos apenas cargos, algum dia vamos parar onde este cego parou: à beira do caminho.
Jesus quer que o sigamos com racionalidade. A Palavra de Deus nos diz para oferecermos nosso culto de forma racional, sabendo que estamos aqui porque temos que seguir Jesus. Não apenas fazer algo, mas ser alguém que viu, que vê e que verá Jesus eternamente. Alguém que não é apenas conhecido como um homem ou mulher de Deus, mas que é acima de tudo conhecido por Deus!

Nossa resposta aos milagres de Deus em nossas vidas, requer renuncia e total entrega á Ele. O cego, que agora não era mais cego, seguiu Jesus, quando imediatamente foi curado por Ele e assim esta história acaba com o povo, louvando a Deus, vendo que agora o cego enxergava, seguia-O e glorificava a Deus. As mesmas pessoas que o impediam de clamar o nome de Jesus, agora viam que Cristo não se importou com a condição dele, mas que importou-se com sua convicção, sua fé de que Ele o podia curar e salvar!

Em algum dia o cego, que antes via, ficou estagnado, sem opção nenhuma, estava agora à beira do caminho! Não sabemos se a cegueira tomou conta de uma vez de sua vida, ou se foi aos poucos, não sabemos se alguns dias ele teve como sustentar-se ou se ele sempre precisou de esmolas. O que temos que entender e absorver é: Jesus não nos quer, cegos, à beira do caminho, pedindo esmolas. Ele nos quer enxergando, com um coração como uma terra fértil, onde a Palavra dEle não é roubada de nós, pregando o Evangelho a todo criatura!

Que o Senhor Jesus abençoe todos vocês!

“Recupere a tua vista”!

Nenhum comentário:

Postar um comentário