terça-feira, 25 de setembro de 2012

Entrevista com Marcelo Edu Oliveira | JOCUM

entrevista

Entrevistado: Marcelo Edu Oliveira
Idade: 26 anos
Área onde atua: Missões | Projetos Internacionais | Base de São Paulo
Website: http://www.jocumsampa.org/
Telefone pra contato: +55 11 4489 0664
                                   +55 11 7631 8230

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Hoje de manhã tive a oportunidade de entrevistar o Marcelo Edu Oliveira, o diretor dos projetos internacionais da JOCUM (Jovens Com Uma Missão), base de São Paulo!
Pelo skype, de um jeito bem descontraído, o simpático Marcelo respondeu nossas perguntas de uma forma muito sábia e sempre com um embasamento Bíblico!

Se você se interessa por missões e gostaria de entender mais sobre esse ministério de extrema importância, confira agora essa entrevista!

“…Essa é a diferença na vida da Igreja: quando existe pessoas que investem em você.”


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“…missão por si só te leva a desafiar à ouvir a voz de Deus… a poder caminhar conforme a vontade de Deus…”


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“…Tudo começa a partir do momento onde nós temos essa disposição…”


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“…Nós como Igreja não podemos pensar que somos outra coisa a não ser uma casa de oração para todos os povos…”


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“…eu tenho a plena convicção de que Deus continua levantando mesmo os jovens, que serão como ondas…” 


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“…começar com o que tem é o melhor começo…”


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“…muitas vezes nós queremos esperar, esperar que pessoas façam pra nós aquilo que devemos fazer, esperar que as pessoas digam aquilo que nós devemos fazer…”


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GPC: Antes de você se envolver no projeto de missões da JOCUM, nos conte como foi que que você passou a andar com Deus? Como foi sua conversão?

Marcelo: Eu me converti na Igreja Batista do Rio Grande da Serra, ABC de São Paulo, aos quinze anos e foi uma experiência totalmente diferente. Foi legal até, porque foi justamente no dia que ocorreu um culto de missões. Foi uma experiência incrível!
GPC: E qual Igreja você freqüenta hoje?

Marcelo: Hoje eu freqüento a Igreja Batista do Parque Andreense, um bairro de Santo André (ABC de São Paulo).

GPC: Quando Deus escolhe alguém para ser usado no ministério de missões, o próprio Espírito Santo faz isso ser evidente na vida da pessoa. E como foi que você entendeu que Deus queria te usar no ministério de missões?

Marcelo: Olha, a primeira coisa, principalmente, foi pela verdade Bíblica. Quando lemos na Palavra, isso deixa de ser algo tipo “místico” e se torna muito real. A realidade que a Palavra que nos chama de falar para outras pessoas sobre Jesus! Foi graças a um bom discipulado mesmo. Pessoas que estiveram comigo, que oraram por mim. Essa é a diferença na vida da Igreja: quando existe pessoas que investem em você. Então, quando isso aconteceu, foi algo muito natural.

GPC: Mas houve algum momento onde você falou: “gente, eu tenho que trabalhar com missões. É isso que Deus quer pra
mim!” Teve um momento assim, que caiu meio que “sua ficha”?

Marcelo: Teve, teve sim. Principalmente porque o período em que eu me converti, foi bem um período a Igreja estava vivendo esse momento de se falar mais em missões, trazendo missionários para a Igreja. Então foi justamente nesse período que eu conheci a liderança da JOCUM de São Paulo e foi nesse período que eu comecei a me envolver com a organização de impactos evangelísticos, enfim… Foi justamente nesse tempo.

GPC: E quanto tempo faz que você está na JOCUM?

Marcelo: Agora, completa seis anos. Seis anos, quando eu fui fazer minha escola de treinamento que é a porta de entrada para a missão ETED (Escola de Treinamento e Discipulado).

GPC: Desde que você entrou na JOCUM, qual foi uma experiência marcante que você vivenciou nesses seis anos?

Marcelo: Bom, a missão por si só te leva a desafiar à ouvir a voz de Deus… a poder caminhar conforme a vontade de Deus, então isso marcou a minha vida, porque, as experiências que eu comecei a ter, tantos os desafios internacionais…
Minha primeira viagem internacional foi para a Venezuela, então nesse período eu tive algumas experiências marcantes de conhecer uma Igreja diferente, formas de cultuar diferentes, não só aquilo que eu aprendia em igrejas. Pela organização ser internacional e interdenominacional, ou seja, várias denominações juntas, isso gera pessoas com aquele desejo de conhecer a Deus mais do que simplesmente conhecer conceitos ou estruturas de denominações.

GPC: Sim, aquele famoso “clichê” né?

Marcelo: Isso! Isso foi um marco na minha vida: poder enxergar as pessoas como parte do Reino de Deus. Independente de qual igreja sejam, elas são parte do desse Reino, e esse Reino continua crescendo, e continua abençoando outras pessoas, trazendo outras e outras pro Reino dEle!

GPC: Você pode contar algumas situações desafiadores que vocês tiveram e que Deus deu uma vitória/livramento?

Marcelo: Bom, eu me lembro de umas primeiras experiências que eu tive aqui em Francisco Morato, numa época em que precisávamos de algumas cadeiras, coisa simples assim, para dar início ao projeto de discipulado com as crianças da comunidade. Francisco Morato é uma das cidades carentes, onde a Base tem trabalhado. E eu me lembro que no dia que iríamos dar início a esse projeto de discipulado com a comunidade, nós não tínhamos nem se quer cadeiras para começar. E justo nesse mesmo dia, mais ou menos meia hora antes de começar o tempo de discipulado com eles, chegou um caminhão com cadeiras dando de presente pra gente, de uma Igreja de Santo André mesmo. E esse foi um dos momentos que eu pude presenciar algo de Deus mesmo, a provisão também…

GPC: E o que você diria pra alguém que gostaria de juntar-se ao ministério de missões, não apenas o da JOCUM, mas assim, alguém que tenha vontade, que tenha o chamado e que precisa ouvir um incentivo. O que você diria?

Marcelo: Que não existe experiência melhor do que aquela de ser sensível ao que Deus tem pra ele/ela. Não existe nada mais importante na vida do homem do que ser realizado em Deus, e esse “ser realizado em Deus”, pode ser tanto dentro da Igreja, tanto da organização missionária onde queira trabalhar, e entender principalmente esse princípio: que Deus é o Deus das nações. Ele foi e sempre será. Por ser assim, nosso coração deve estar limpo e voltado para as nações assim como o próprio Deus está!

GPC: O ministério de missões não é algo fácil de enfrentar no dia-a-dia. E o que as pessoas precisam saber antes de se juntar à esse ministério? O que um missionário passa?

Marcelo: Olha, eu posso tirar pela minha própria experiência. Eu fui muito curioso à respeito do que era missões. E esse “ser muito curioso” ajuda muito entendermos, por exemplo: que tipo de organização trabalhar. Uma das coisas que eu aconselho é ser curiosos mesmo. Participar de atividades…. Eu pude descobrir melhor o que era a Organização quando eu fui participar de eventos de curto prazo, quer seja dentro ou fora do País!
GPC: Tá! Então ela precisa ser uma pessoa curiosa e que goste de desafios, é isso?

Marcelo: Isso! Desafiar a si mesmo, e entenda, descubra, que leia bons livros sobre missões. Tudo começa a partir do momento onde nós temos essa disposição. Tem uma passagem Bíblica que comigo fala muito… Está em Esdras, capítulo 7 que fala diz assim: “Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (vv. 10). Então havia essa disposição no coração de Esdras, e esse tipo de disposição não pode faltar em nós, como Igreja também.

GPC: Vamos falar um pouco, agora, sobre o mundo espiritual.
Sabemos que dia pós dia, lidamos com principados e potestades e tudo mais. E um missionário também enfrenta isso. Já aconteceu alguma vez de você sentir uma opressão em algum país? Sentir até medo, algum ataque do inimigo diretamente?

Marcelo: Existe sim. Existe. E para isso se faz necessário alguma verdade que eu sempre guardo comigo, que é assim: maior é o que nos instrui do que o que nos separa, ou seja, aquilo que pode nos destruir. Isso é Bíblico na verdade: maior é o que está em nós…
Mas com certeza. É um desafio. Você lida com pessoas diferentes, você lida com a questão da Batalha Espiritual. Mas eu costumo sempre enxergar isso com uma oportunidade a mais de crescimento. De poder ver esse desafio que Deus tem colocado diante de nós, como uma oportunidade que Deus tem dado a nós. Não que merecemos, mas por causa da misericórdia dEle!

GPC: Por falar nisso, houve uma situação onde vocês sentiram medo de algo?

Marcelo: Sinceramente eu não me recordo. Com certeza houve sim… Por exemplo, nesses últimos dias tem alguns países que nós temos passado: Moçambique, Peru… tem sido o nosso foco. Agora essa viagem pra China, também tem sido algo diferente pra nós. Mas o medo sempre vem. E esse medo não é só no sentido de quando está no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Existe esse temor. Mas o amor lança fora todo medo (1 Jo 4.18).

GPC: Com certeza! E Deus não nos deu espírito de temor… (2Tm 1.7).Existem jovens que sentem o chamado pra ficar tempo integral na obra de Deus. Mas hoje tenho percebido que a maioria enfrentam várias oposições, até as vezes dentro da Igreja. Porque as pessoas não conseguem compreender um “chamado integral” na vida da pessoa e então começa chamá-los de folgados, que não gostam de trabalhar…

Marcelo: Sim (risos)…

GPC: O que você diria para os jovens que tem passado por essa situação?

Marcelo: Existe duas questões básicas. A primeira é a questão dos jovens conquistarem a confiança da liderança da Igreja, ou seja, isso é “o servir” mesmo a Igreja de todo o coração, com toda a força… Mas existe um momento onde esse jovem vai ter que ver: “Puxa…! Eu vou ter que dar um basta. Eu quero ir pra fora. Eu preciso ter uma experiência nova com Deus.” E uma vez ele entendendo essa nova experiência, é chegar mesmo na liderança, explicar como está a situação, como ele se sente. E uma vez que a própria liderança da Igreja já consegue identificar mesmo esse desejo de servir, fica mais fácil de liberar. Não é sempre que libera, infelizmente. Há momentos onde é necessário “romper”, e sinceramente isso acontece em muitos casos, principalmente quando nós conseguimos enxergar algo que a nossa liderança não consegue enxergar. E eu não estou falando de uma espécie de rebelião. Estou falando diante de visões diferentes.
O meu conselho é que eles possam servir de todo o coração, com toda a força o lugar onde eles freqüentam. Mas chega um momento onde nós precisamos amadurecer, e quando chegar o momento, ser sinceros com a nossa liderança: “Olha, eu vejo que Deus tem me chamado para trabalhar tempo integral”, e uma vez que tem isso, busquem pessoas que possam ajudar, possam orientá-lo nisso.
Eu gostaria que a própria Igreja tivesse um Conselho Missionário, porque ajuda com que a Igreja possa preparar da melhor maneira o cidadão que é vocacionado. Mas quando não se tem isso, pode buscar ajuda de agencias missionárias… Não só uma organização como a JOCUM, mas junta de missões mundiais, tem bons conselheiros pra isso também. Tem boas pessoas que podem indicar esse jovem. A missão AME (Associação Missão Esperança), a missão AMME Evangelizar, e tantas outras organizações que se tem no Brasil. O nosso país é muito abençoado com isso… Mas, uma vez que esse jovem tem essa disposição, e quer estar servindo em tempo integral em missões, é importante que ele pense nisso. Não necessariamente como um peso, mas como um homem que quer dar continuidade no ministério dele, que quer viver a vocação dele… Então, é isso…

GPC: E o que você diria para as Igrejas em geral, que tem reduzido o ministério de missões como algo de pouco valor?

Marcelo: Bom, quando se trata de Igreja, é sempre importante lembrar que a própria missão da Igreja é existir para as nações. Nós como Igreja não podemos pensar que somos outra coisa a não ser uma casa de oração para todos os povos. Então quando nós deixamos de fazer isso, nós deixamos de ter a essência do próprio chamado de Deus pra nós.
Então, o meu conselho é que eles pudessem rever. Rever mesmo o conceito, rever qual é a visão da Igreja, rever qual é os projetos que a Igreja tem, e se esses projetos de fato buscam agradar a Deus e poder abençoar as nações. São coisas que devem estar, devem ser consideradas, né? Segundo o exemplo de Jesus, segundo o exemplo que Ele nos chamou para fazer que é o “ide”. E essa palavra mesmo, que começa lá em Isaías 56.7, mas que depois o próprio Jesus repete em Marcos 11.17, que é: “A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. Vós, porém, tendes transformado em covil de salteadores.” Então nós não podemos nos conformar com essas igrejas como covil de salteadores. Mas transformar nosso templo, nossa Igreja em um lugar que seja de oração para todos os povos.

GPC: Agora falando sobre a JOCUM! O ministério veio através de uma visão do próprio fundador, dos jovens se movimentando como ondas, isso significa por exemplo, um dinamismo sem igual, para se levar o Evangelho.
Nos dias de hoje, podemos dizer que isso permanece? Os jovens tem sido impelidos pelo Espírito, ou você acha que a obra de missões tem necessitado de um avivamento?

Marcelo: Olha, quando se trata do trabalho, eu acredito muito nos jovens. Esse é um dos valores da missão: promover os jovens! Por ser assim, eu tenho a plena convicção de que Deus continua levantando mesmo os jovens, que serão como ondas. E esse dinamismo não para. Esse dinamismo continua sendo algo que é muito real na vida de muitos jovens. Agora quando se trata de ser desafiado, existe o momento que nós como a Igreja Brasileira, estamos vivendo. Que é um momento muito sensível e importante para ser visto o significado daquilo que temos feito mesmo. É necessário repensar. Repensar o que é ser jovem nos dias de hoje… Eu acredito que Deus continua levantando jovens, mas eu também acredito que é um bom momento onde nós como Igreja, precisamos disso. Relembrar da Palavra do Senhor, relembrar daquilo que Ele tem pra nós. Então a visão que o Loren teve, o fundador da missão, de ver jovens como ondas, é uma visão que continua sendo constante, continua sendo real… E eu vejo Deus levantando tanta gente, eu recebo muitos e-mails de pessoas que desejam ir para o Campo, pessoas que deseja praticar a sua vocação… Os nossos impactos evangelísticos e trabalhos que realizamos, são muitas vidas que procuram conhecer o que está acontecendo em missões… Mas tudo isso acontece através de uma conscientização como essa, como essa entrevista aqui, que tem nos levado a isso: conscientizar a Igreja da importância do trabalho missionário, não só o meu trabalho missionário, mas o trabalho do Corpo de Cristo!

GPC: Pra finalizar! Você poderia deixar uma mensagem para os jovens de todos os lugares do mundo, que possivelmente verão essa entrevista?

Marcelo: Bom, aquilo que eu tenho pra trazer como algo de encorajamento aos jovens, é aquilo que um dia Deus compartilhou comigo, que é: começar com o que tem é o melhor começo. Então muitas vezes nós queremos esperar, esperar que pessoas façam pra nós aquilo que devemos fazer, esperar que as pessoas digam aquilo que nós devemos fazer ou não, e muitas vezes esquecemos daquilo que já temos de valor. Daquilo que Deus já tem dado à nós, daquilo que é o nosso dom, que é a nossa vocação. Então começar com o que tem é o melhor começo, porque o que temos é o que Deus colocou em nossas mãos, e o que Deus coloca em nossas mãos, é para que venhamos usar da melhor maneira.
Foi assim que JOCUM  em Francisco Morato começou, é assim que outras bases da JOCUM estão trabalhando, estão lutando, cada um com os seus desafios. A Organização é muito descentralizada, então com isso sempre surge desafios diferentes, sempre se renovam algumas iniciativas de campo…
Nós precisamos deixar isso bem claro para os jovens de hoje, porque não precisa colocar numa caixinha as coisas que ele deve fazer, ele mesmo pode perceber aquilo que ele tem como dom, como chamado, e começar com o que tem. 
Esse é o meu encorajamento, esse é o meu desejo como filho de Deus, que tem trabalhado numa instituição, como a JOCUM, que os nossos jovens pudessem enxergar que eles são capazes, que eles são fortes, como diz a Palavra (1 Jo 2.14), que eles são dinâmicos, que Deus tem levantado pessoas com suas criatividades, com seus talentos. Existe algo chamado de Área de Ciências da Sociedade, que é algo que poderia dar como matéria de uma outra entrevista de repente. Mas basicamente isso… Nós somos chamados para viver com Deus e para Deus, e Ele é quem opera em nós, e apesar de nós, e através de nós e é isso que Ele realiza!

Mais uma vez agradecemos sua atenção e disponibilização, Marcelo! Que Deus continue te enchendo com essa sabedoria e seriedade em Sua obra!

Até a próxima,
Fiquem com Deus!
© Fotos com direitos autorais de Projetos Internacionais, JOCUM

Um comentário:

  1. Excelente entrevista! Sábias palavras, percebe-se aqui alguém que realmente encontra alegria e razão de ser em servir ao Senhor! Que estas palavras venham para colocar um desejo ardente em nossos corações de servirmos estes povos pelo mundo afora!

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